Débora De Bonis
"O Eterno confia os seus segredos aos que o temem, e os leva a conhecer a sua aliança." (Salmo 25.14)
"Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido." (João 15.15)
"Certamente o Eterno, o Soberano, não faz coisa alguma sem revelar o seu plano aos seus servos, os profetas." (Amós 3.7)
"Não há bálsamo em Gileade? Não há médico? Por que será, então, que não há sinal de cura para a ferida do meu povo?" (Jeremias 8.22)
Tenho mais perguntas que respostas nesse assunto de enfermidades e morte. Mas gostaria de compartilhar algumas inquietações do meu coração.
Na verdade o que mais me angustia nessa questão é o fato do conformismo geral que encontro nos cristãos. Há muitas pessoas conformadas com os diagnósticos humanos dos médicos. E elas assumem a enfermidade até como parte de suas personalidades.
Sim, porque tornou-se comum dizer: "eu sou hipertenso" ou "eu sou diabético", ou então dizem: "a minha alergia", "o meu reumatismo". Creio que seria mais correto dizer que a pessoa tem uma enfermidade: tem diabetes ou sofre de hipertensão. Porque quem tem pode deixar de ter.
Mas quando a pessoa diz que é diabético, por exemplo, a enfermidade passa a fazer parte da personalidade da pessoa. E deixar de ser alguma coisa é muito mais difícil.
Esse conformismo realmente me incomoda. E tenho perguntado muito a Deus sobre tudo isso. O que observo é que há houve uma invasão do que chamo de Síndrome de Jó. Parece que todos se tornaram "jós" de uma hora para outra. Tudo é provação. E pior, tudo é da "vontade de Deus" ou "foi Deus quem quis assim".
E isso tudo me faz pensar na nossa total falta de intimidade com o Senhor. Porque não sabemos a razão, a causa da enfermidade, dizemos simplesmente que é provação, como foi a de Jó.
Para mim há uma grande diferença entre provação e maldição. Não consigo entender uma provação que dure 20 anos. A pessoa está enferma há 20 aos e diz que é provação. Que prova é essa que nunca acaba? Tem alguma coisa errada.
Mas o que vemos hoje são muitos evangélicos em hospitais, conformados com suas doenças e reclamando do atendimento dos médicos e murmurando. É só prestar atenção na sala de espera ou na fila do guichê de um hospital ou posto médico. O povo só sabe reclamar, quer bater nos atendentes, nos enfermeiros e nos médicos.
Tenho freqüentado hospitais por causa do meu pai, que é idoso e fez uma cirurgia para colocar prótese no joelho e quase dois anos depois caiu e fraturou o fêmur e precisou de cirurgia de novo e ficou muito tempo internado. E, como filha mais velha, sou eu que cuido dele, levo ao hospital, fico de acompanhante na enfermaria. E comecei a perceber a grande quantidade de evangélicos nas enfermarias. E eles ficam tão à vontade e até sugerem fazer culto na enfermaria. E isso me incomoda.
Não consigo entender essa passividade diante da enfermidade. As pessoas estão deixando o inimigo bater, e ainda dizem que é da vontade de Deus. Tem até uma música que diz que toda tragédia é permissão de Deus. Para mim essa é uma teologia que tira a responsabilidade do homem.
O autor do livro O que o cristão deve saber sobre enfermidade e cura (Danprewan) diz que se é da vontade de Deus, então não deveria procurar um médico. E ele conta de um homem que só foi curado depois de pagar uma dívida. A dívida era a causa da enfermidade.
Mas não encontramos hoje pessoas que assumem que seus problemas e enfermidades são conseqüência de pecado. Devemos entender então que ninguém peca mais?
Penso que nossa intimidade com Deus deveria ser a tal ponto que saberíamos se a enfermidade é provação, conseqüência de pecado, para que a glória de Deus se manifeste - e aí tem que haver cura - ou se é para morte. Precisamos saber as causas dos problemas, das enfermidades - perguntar para Deus - ter intimidade com ele. E orar por cura física, se for o caso.
Não veja na Bíblia um padrão para essa passividade que existe hoje. O que vejo são pessoas que vão e perguntam a Deus o que está acontecendo e até mesmo pessoas que já sabem porque estão sofrendo algo. Como foi o caso de Jonas. Ele sabia que a tempestade era por sua causa, ele sabia que havia pecado. Não pensou que a tempestade era simplesmente um fenômeno natural, não. Ele sabia. E a tempestade passou quando ele foi jogado ao mar.
Vejo também o Rei do Egito, quando Abraão mentiu para ele. Ele foi procurar saber porque estava cheio de feridas no corpo. E quando soube que era por causa de Sara, ele a devolveu para Abraão e foi curado. E era um ímpio.
Rebeca, quando Esaú e Jacó brigavam no seu ventre, não ficou pensando que era normal, mas foi perguntar ao Senhor o que estava acontecendo. E Deus revelou sobre os gêmeos, que representavam duas nações que seriam inimigas.
E o espinho na carne de Paulo. Não se sabe ao certo o que era esse espinho, mas há quem acredite se tratar de uma enfermidade. Ele pediu e Deus não tirou o espinho. Então Paulo sabia exatamente porque estava com aquele mal e sabia que não precisava mais orar, porque Deus já havia dito que não atenderia.
Infelizmente muitos invertem a ordem e vão primeiro buscar os médicos. E depois, quando estes dizem que não há mais jeito, conformam-se com a morte e dizem que é a vontade de Deus.
Em 2Crônicas 16.12,13 lemos: "No trigésimo nono ano de seu reinado, Asa foi atacado por uma doença nos pés. Embora a sua doença fosse grave, não buscou ajuda do SENHOR, mas só dos médicos. Então, no quadragésimo primeiro ano do seu reinado, Asa morreu e descansou com os seus antepassados."
E Neil Anderson, em Proteção espiritual para seus filhos (Quadrangular), diz: "Nossa mentalidade ocidental supõe que existe uma explicação natural para tudo. Depois de todos os recursos médicos terem sido aplicados sem sucesso, nós dizemos: Não há mais nada a fazer agora senão orar. Creio que a ordem deveria ser invertida. A minha Bíblia diz: ‘Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça' (Mt 6,33). Por que não ir a Deus primeiro?"
Na verdade quem pode se dizer como Jó? Se queremos realmente dizer que estamos sendo provados como ele, devemos ser como ele foi: "Na terra de Uz vivia um homem chamado Jó. Era homem íntegro e justo; temia a Deus e evitava fazer o mal. E possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de boi e quinhentos jumentos, e tinha muita gente a seu serviço. Era o homem mais rico do oriente.
Seus filhos costumavam dar banquetes em casa, um de cada vez, e convidavam suas três irmãs para comerem e beberem com eles. Terminado um período de banquetes, Jó mandava chamá-los e fazia com que se purificassem. De madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava: ‘Talvez os meus filhos tenham, lá no íntimo, pecado e amaldiçoado a Deus'. Essa era a prática constante de Jó." (Jó 1.1-5).
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